terça-feira, 21 de junho de 2011

A noite do medo e Yaroslavl

Partindo de Uglich e após o jantar, tivemos a nossa costumeira sessão de canto, regida por Maria Lucia e fomos dormir em torno de meia-noite. Por volta de 3 horas da manhã acordei assustada com uma forte batida do navio em algo, seguido de um sacolejo. O que é isso? perguntou-me a também assustada Angelica. Não sei, respondi, mas vou saber. O apito de emergência para salvamento não soou e o barco não parou após a batida, apesar de ter diminuído a velocidade. Minha cabine ficava perto do hall de entrada e para lá me dirigi, juntamente com outras pessoas que tinham acordado, mas ninguém sabia de nada. Alguns marinheiros passavam apressados sem dar informações, até que um deles disse ao dono da agência promotora da excursão e que falava russo, que o navio havia batido em um tronco sem ocorrência de maiores danos, a não ser estragos na pintura. Todos poderiam voltar às cabines porque tudo estava em ordem. Assim fizemos, com alguma desconfiança. Seria verdade?  O resto da curta noite - amanhecia em torno de 4.30h e anoitecia por volta das 23h - foi insone e com medo. O fato é que nunca tivemos uma informação precisa do ocorrido. Todas as respostas eram evasivas, inclusive a do capitão do navio.
Chegamos a Yaroslavl ainda pela manhã, atualmente uma cidade média com pouco mais de 500.000 habitantes, mas que abrigou grande parte da nobreza russa por ocasião da invasão de Napoleão a Moscou. Demos uma volta de ônibus pelo centro, com nosso guia Dmitri, parando em um mirante à beira do rio Volga para apreciar a linda paisagem.


Em seguida visitamos o palácio do antigo governador que hoje é um museu histórico da região. Fomos recebidos por moças vestidas a caráter que nos guiou, uma delas,pelo espaço, com esplêndidos salões ricamente mobiliados, belos quadros e magníficos objetos de arte. Por fim, entramos no salão de baile onde presenciamos uma amostra das grandes festas da época. As guias, como disse, vestidas a caráter, dançaram o minueto e depois a valsa, tudo ao som de um conjunto de senhoras que tocavam violino, violoncelo e piano. Muito bonito e diferente.


Após o museu passeamos por um belo e grande jardim, onde se situava uma das mais importantes igrejas da cidade e também fomos a um mercado aberto, parecido com os que temos por aqui. Na saída do mercado e já no ônibus para voltar ao navio, um incidente. Faltava uma pessoa, a Giselda, uma carioca baixinha e gordinha. Dmitri, nervoso, voltou ao mercado e procurou por ela em todos os outros ônibus. E nada. Não podíamos esperar mais porque o navio partiria. Voltamos ao barco, todos preocupados e lá soubemos que o pessoal de outro navio que sairia duas horas depois do nosso, havia encontrado a Giselda, meio perdida no centro da cidade. E que ela embarcaria nesse outro navio para encontrar-nos na próxima parada. Dmitri respirou aliviado e não perdeu a Giselda de vista pelo resto da viagem. Quando ela retornou a nosso navio e entrou no restaurante na hora do almoço, recebeu uma grande salva de palmas.
Próxima parada, Goritsy e o Mosteiro de São Cirilo.

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