quarta-feira, 8 de junho de 2011

No avião para Moscou

Após passearmos em Amsterdam, o ônibus nos deixou na entrada principal do aeroporto Schiphol. Como o portão de embarque era o de número quarenta e tantos, tivemos que caminhar muito, passar por cinco esteiras rolantes e haja perna.
No meio do caminho, topamos com um stand de venda de bebidas, cuja vendedora, ao nos escutar falando português, veio se apresentar como brasileira, de Manaus, casada com holandês e morando em Amsterdam já há dez anos. Estava felicíssima por nos conhecer, detestava a Holanda e estava louca para voltar para o Brasil. Difícil, porque o marido lá tinha um comércio, ela trabalhava no aeroporto e os dois filhos eram holandeses, nascidos e criados lá. É curioso constatar como muitas mulheres brasileiras, em situação econômica difícil no Brasil, que, ao se casarem, se mudam para o estrangeiro - e por isso melhoram até de posição social - não se adaptem ao novo ambiente e  ficam loucas para voltar ao Brasil, mesmo perdendo "status".
Na parte de cima desse stand de bebidas, subindo uns quatro degraus, havia duas grandes salas de estar, com sofás, poltronas, telão de tv, mesinhas e até piano, para servir aos passageiros em trânsito. Nada de salas vip, só para alguns privilegiados. Na Europa, predomina um conceito social. Todos têm o mesmo direito de usufruir confortos e luxos existentes em lugares públicos. O "apharteid" social para alguns endinheirados ou portadores de determinados cartões de crédito é coisa das Américas.
Por fim, após muito andar, chegamos ao portão de embarque e depois de um entrevero criado pelos holandeses que achavam ser necessária a concessão de visto para brasileiros entrarem na Rússia, problema bem resolvido pela Bernadete, nossa guia, embarcamos no avião para umas 3 horas e meia de voo até Moscou.
No avião, sentamos eu e Ana, na ponta e no meio. E na janela acomodou-se uma mocinha, loira, bonitinha, com mochila nas costas, aparentando entre 25 e 28 anos. Achei que era holandesa, pela aparência. Após comermos um delicioso lanche, os comissários de bordo distribuiram formulários para não russos que desembarcariam em Moscou. Observei que a mocinha não recebeu o formulário. Então puxei conversa: Are you russian? Yes, I am. E começamos uma longa conversa. Perguntei muito sobre Moscou, onde ela trabalhava em um banco russo, no Departamento de Recursos Humanos. Estava voltando do Mexico, de férias e ficou curiosa e interessadíssima no Brasil. Ensinou-nos até, a mim e a Ana, algumas saudações em russo. Priviét - é assim que se pronuncia mas não como se escreve porque o alfabeto russo é o ciríaco com letras, símbolos e números - significa o nosso muito usado "oi". Seu nome era Olga, bonita, inteligente e uma ótima impressão, para mim, do povo russo.
No próximo capítulo, a chegada a Moscou, com vários percalços e o embarque no navio.

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