sexta-feira, 24 de junho de 2011

Caminho para São Petersburgo - As Eclusas e as Atividades no Navio

Nunca tinha passado por uma eclusa nem mesmo visto alguma. Elas estão no Canal de Panamá, no Canal de Suez e até mesmo no rio Tietê, em Barra Bonita. Mas como nunca estive em nenhum desses lugares, não sabia qual era a sensação. Pois bem, de Moscou a São Petersburgo, atravessando alguns rios e lagos, existem 17 eclusas, tanto para subir como para descer. A eclusa é um elevador, com portões que se abrem para o navio entrar, um de cada vez, porque o espaço é apertado. Quando o navio entra os portões se fecham e a embarcação fica ali encaixada. Se o desnível do rio é para baixo, o elevador vai descendo conforme a água vai saindo por comportas. Chegando no nivel baixo, as portas da frente da eclusa se abrem e o navio sai, seguindo seu curso normal. Se ao contrário, o desnível do rio for para cima, o elevador sobe com a entrada da água pelas comportas que vão enchendo o espaço. Quando chega no nível mais alto, as portas da frente se abrem e o navio sai. No começo, é bem curioso e diferente, mas depois da quarta ou quinta não desperta mais curiosidade porque todas são iguais.
Dentre as atividades de que participei, as mais interessantes foram a aula de língua russa, com o aprendizado do alfabeto cirílico, cheio de letras, símbolos e números e também de algumas expressões usadas no quotidiano, tais como "spassíba" (obrigada), "dobre utra" (bom dia), "priviét" (olá) e outras. Esclareça-se que esse é o jeito da pronúncia, mas a escrita é completamente diferente. Dificílimo para nós latinos.
Outra atividade interessante foram as aulas de história da Rússia ministradas por Dasha, uma das guias de menos de 30 anos, altamente politizada e corajosa. Destemida, fazia críticas abertas aos regimes totalitários através dos quais se desenvolveu a história russa, desde o czarismo, praticamente feudal e escravocrata, passando pela revolução bolchevique de 1917, que trouxe a industrialização, o progresso, fez da Rússia uma potência mundial. Mas a custa da liberdade do povo e de milhões de vidas sacrificadas, principalmente na época de Stalin. Até o momento presente, insatisfatório sobretudo para os jovens. A perestroika, tão ansiosamente aguardada pelo povo russo, foi violenta e sacrificou a vida de muitos para quase nada. O regime permanece totalitário, sob o comando de um só homem. Há uma pequena elite bilhardária que enriqueceu adquirindo empresas estatais a preço de banana na época das privatizações, enquanto a grande massa popular continua pobre e luta com dificuldade. Em compensação, o ensino é de primeira, gratuito, as universidades, de muito boa qualidade, formam bons profissionais que nem sempre conseguem empregos adequados porque a moeda vale pouco e os salários são baixos. Um rublo, a moeda circulante, vale R$ 0,06 de real, mas o custo de vida não é barato. O sistema de saúde é bom, setorizado por regiões, com médicos de família e consultas sem grande espera.
No próximo post, a visita ao mosteiro de São Cirillo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário