sábado, 12 de maio de 2012

LEMBRANÇAS...

Interrompo o relato de minhas/nossas aventuras americanas, para partilhar com vocês uma lembrança que de tão boa, tornou-se inesquecível para mim. Não sou de viver de lembranças do passado, como inúmeras pessoas da minha idade. Minha cabeça está no presente e voltada para o futuro. Mas, ontem me dei um presente de dia das mães que despertou a tal recordação, meio adormecida em minha mente.
Resolvi dar um break em minha rotina diária acelerada e conceder-me umas duas horas em um spa, com direito a tratamento facial, corporal , sauna, hidromassagem, etc.
Foi quando entrei na enorme banheira de hidromassagem, cheia de pétalas de rosa e espuma para relaxar, é que me veio a gostosa lembrança.  Aconteceu em nossa última viagem à Europa em família. Carlos, meu marido, ainda era vivo, Maria Christina, minha filha mais nova tinha apenas saído da adolescência e tínhamos ido à Itália para atender um cliente, italiano, mas que pretendia transferir-se para o Brasil. Após terminar o serviço, fizemos um passeio, sempre de carro porque ele adorava dirigir, por alguns países, inclusive a Alemanha, mas saindo de Amsterdan, na Holanda.
Em geral, rodávamos centenas de kilometros por dia, sempre parando em lugares atrativos. Ah, Carlos era incansável ao volante. Dessa vez, passamos a maior parte do dia em Dusseldorf, porque lá estava acontecendo um festival de moda - Dusseldorf é o polo de moda da Alemanha - com direito a desfiles de grandes grifes ao ar livre, com música ao vivo, uma maravilha, mas tudo em meio a multidões de pessoas. Detesto multidões, mas não havia o que fazer, o festival era imperdível. À  noitinha, Carlos resolveu ir embora, mesmo porque, disse ele, não haveria hotel disponível na cidade,por causa do festival. Não acreditei, mas como discurtir era inútil, prosseguimos viagem com a promessa de parar na próxima cidade. Chegamos, assim, a Dortmund, um lugar feio, cidade comum,  grande polo industrial. Procuramos um hotel da rede Accor e logo nos deparamos com um Mercure, de muito boa aparência. No quarto, despenquei na cama para não mais levantar, estava exausta. E recusei o convite de Carlos e Maria Christina para sair para jantar. Disse-lhes que iria para a piscina. Dortmund é um lugar frio, apesar  de ser verão e na chegada soube que no hotel havia uma piscina de água quente. Eles sairam e eu desci. Deparei-me com uma enorme piscina borbulhante e aquecida, cheia de jatos de hidromassagem em um solarium de vidro com  muito verde. Uma  beleza de arquitetura. Resultado, fiquei naquela água deliciosamente massageante por quase duas horas, sozinha, porque lá não havia ninguém, só relaxando e meditando. Saí revigorada, o cansaço se fora. Foi uma das experiências mais gratificantes que já tive, dado meu estado pessoal naquele momento.
C'est la vie. Por vezes passamos por experiências glamourosas, luxuosas mesmo, que ficam em nossa mente por serem marcantes. Mas outras vezes a vida nos coloca em situações inusitadas, sinples e inesperadas, precisamente aquelas de que necessitamos no momento. E tal acontecimento vira uma recordação deliciosa e inesquecível. Assim foi aquele tempo que passei na piscina borbulhante em Dortmund, cidade fria e sem graça da Alemanha.