sexta-feira, 15 de julho de 2011

Um incidente em São Petersburgo

Deixadas no centro comercial de São Petersburgo, Maria Lucia, Celia e eu, após darmos uma olhada por fora, na linda Igreja do Sangue Derramado, - vejam -


entramos em um Shopping composto por um hotel 5 estrelas e várias lojas de grife, tais como Tiffanys, Chanel, Gucci e outras. Além da vontade de conhecer esse luxuoso lugar, estávamos atrás de um bom banheiro. Logo na entrada, havia uma máquina ATM, com aparência de nova e moderna, mas tudo escrito em russo. Celia, com  intenção de fazer compras, resolveu sacar alguns rublos, moeda local. Colocou o cartão de débito na máquina, digitou a quantia, a senha, esperamos e nada..., nem dinheiro nem o cartão de volta. Apertamos diversos botões, alguns trancos, mas sem sucesso. O que fazer em um lugar onde só se fala russo? Meu coração acelerou, mas Celia estava incrivelmente calma. Como você consegue ficar tão calma, perguntei-lhe. Ah, tenho outro cartão, respondeu-me. Aí fiquei sabendo que o Banco do Brasil dava sempre dois cartões de débito a cada cliente, para prevenir eventos como esse. De qualquer forma, não podíamos deixar o cartão dentro da máquina porque poderia ser usado indevidamente por outra pessoa. Na Europa é comum a compra sem o uso da senha.
Ao me acalmar, lembrei-me que estávamos em um hotel 5 estrelas e teoricamente os empregados deveriam falar inglês. Dirigi-me ao bar ao lado, decoração luxuosa em madeira escura e localizei um rapaz jovem que parecia ser o gerente. A princípio, ele disse que nada poderia fazer mas foi indo em direção à máquina ATM. Pelo celular ligou para o número ali fixado e falou durante uns 5 minutos, em russo, tentando ao mesmo tempo fazer a máquina funcionar. Mas em vão. Disse-nos então que a companhia só viria no dia seguinte para abrir a engenhoca e que deveríamos ligar para o banco e bloquear o cartão.
Após agradecer-lhe, procurei o hall de entrada do hotel e perguntei a um jovem recepcionista onde encontraríamos cartão telefônico que ligasse para o Brasil. O jovem, muito educado, disse-nos que poderíamos fazer a ligação do business center do hotel, que ficava logo ao lado. Ao entrar no business center, encontramos uma mocinha muito bonita, mas com cara de assustada. Ao ser indagada "do you speak english?" ficou mais assustada ainda, mas disse que sim. Expliquei-lhe então que precisaríamos ligar para o banco do Brasil, no Brasil, para bloquear um cartão de débito que ficara preso na máquina ATM. A ligação por minuto ficava bem cara - logico era um hotel 5 estrelas - mas o que fazer, era necessária. Ela fez a chamada e Celia conseguiu, com sucesso, bloquear o cartão preso na máquina. Maria Lucia também reclamou que seu cartão não funcionava e a atendente do banco fez lá uns procedimentos.
Enquanto elas falavam ao telefone,  puxei conversa com a mocinha assustada, contei-lhe nossas aventuras, perguntei-lhe onde era a toilette - nessas alturas tínhamos até esquecido -, disse-lhe que as moças russas eram muito bonitas e simpáticas e ela foi relaxando, até sorriu um pouco. Ao final do telefonema, mais ou menos uns 10 minutos, perguntei-lhe quanto era. Ela fez um gesto de nada e pos a mão nos lábios em sinal de silêncio, sorrindo. Ou seja, conseguimos fazer uma chamada internacional de um hotel 5 estrelas... sem pagar nada. Agradecemos muito e saímos.
Um traço do povo russo, já tinha notado. Rude e zangado na aparência, mas muito solidário e emocional no íntimo.  Qualquer agrado o comove e se você estiver em apuros, ele se desdobra para ajudar, mesmo com a dificuldade de comunicação. O contato pessoal com povos estranhos e desconhecidos para nós é realmente  emocionante.
A seguir, tomamos um bom capuccino para relaxar do stress, fizemos algumas compritas e voltamos para o navio, porque ao escurecer - isso lá pela uma hora da manhã - faríamos uma excursão noturna para ver a abertura das pontes. Mas isso é uma outra história...

Um comentário:

  1. Oi, legal só hoje pude ler o relato do sufoco que passamos com a retensão do meu travel money pela máquina. Mas, felizmente, tudo acabou a contento; e o que nos ajudou foi o seu ingês, porque se dependesse de mim...
    Bjs,
    M. Célia

    ResponderExcluir