sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ainda Paris...

Não sei se já comentei aqui, mas morei na França por quase tres anos, entre l997 e 1999, não em Paris, mas na Côte D'Azur, em Villefranche sur Mer, uma pequena cidade logo ao lado de Nice, indo em direção a MonteCarlo. Nesse período, convivemos - éramos tres pessoas, meu marido, hoje já falecido, eu e minha filha mais nova, então com 12 anos - com algumas famílias francesas e com muitos expatriados, tais como italianos, alemães, americanos, que viviam na região. Dessa convivência, pude concluir que os franceses são um povo altamente disciplinado, discreto -  não interferem em sua vida e também não gostam que interfiram na deles -, um pouco desconfiado e preconceituoso em relação aos estrangeiros. Mas quando são amigos, são amigos em qualquer circunstância e ponto final. Os italianos, maldosos e falantes, diziam que os franceses eram alemães dissimulados, pelo excesso de regras a serem seguidas, mas tudo com muita discrição. É claro que fomos a Paris inúmeras vezes, tanto nesse período como em retornos posteriomente à volta ao Brasil. Sempre de carro porque meu marido adorava dirigir e percorríamos os 1000km - distância de Nice a Paris - em pouco mais de 10 horas de viagem. Paris sempre foi fascinante e por mais que lá se vá, sempre se quer voltar. Nunca é o suficiente.
Mas por que estou contando tudo isso? Porque era grande a minha expectativa em relação à nossa ida de agora, conforme descrevi no post anterior. A última vez que lá estivera, juntamente com meu marido e minha filha, fora em 2004, portanto há 7 anos. Muita coisa mudara? Não, não muito. Mas confesso que o que mudou, mudou para pior. A cidade está suja, meio abandonada, entupida de gente, apesar de ainda não ser verão, os garçons continuam mal educados - mas já era assim. Tres pontos, sobretudo, chamaram minha atenção. Primeiro, o metro, com trens sujos, velhos caindo aos pedaços, superlotados e desconfortáveis. Andamos em quase todas as linhas e as duas únicas boas, relativamente novas, são a linha 1, que atravessa o centro - Rivoli, Champs Elysées - e a linha 14 que vem da Biblioteca François Miterrand, passando por Bercy até a Madeleine, uma linha curta. Em segundo lugar, está a completa falta de respeito às faixas de pedestres, coisa inimaginável no período em que vivi na França. Naquela época, se você pisasse na faixa para atravessar, imediatamente todos os veículos, inclusive ônibus, motos, paravam e davam a preferência ao pedestre. Agora, quase fui atropelada por um ônibus ao tentar atravessar, na faixa, a Avenue de l'Opera e o motorista ainda me xingou, como se eu estivesse praticando uma contravenção. As motos, normalmente de grande porte, então, nem mesmo respeitam o sinal vermelho existente em algumas faixas, passam direto, o pedestre que se vire. Parece até que se está em cidade brasileira. E finalmente, o aumento expressivo de "sem tetos" nas ruas de Paris, espalhados por todos os lados, sempre acompanhados de cachorros que os franceses adoram. Ou seja, muita miséria exposta a céu aberto. Realmente, a crise na Europa é grave. Paris não é mais a mesma, mas ainda assim continua fascinante.

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